Artista plástica retrata cidade nas telas Luciana Pereira Não foi à toa que o quadro de Sandra Nunes foi o primeiro lugar do concurso "Paisagens do Rio", realizado pela papelaria Casa Cruz no mês de outubro. Pintando as ruas da cidade há alguns anos, a artista plástica carioca já é especialista na cidade. Pelo menos duas vezes por semana, ela pega a tela e os pincéis e vai para alguma esquina do Rio colocar nos quadros o que vê na cidade. A técnica, chamada por Sandra de pintura do natural, já rendeu quadros de pontos históricos da cidade, como o Jardim Botânico, o Arco do Telles, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e os casarios da Urca. - O Rio é uma cidade muito fotogênica. Pintar na rua é uma maneira de eu me integrar ao urbano, tema que eu tanto gosto - conta Sandra, avisando que "só pinta o que arrepia". Durante as quatros horas que passa por dia nas calçadas da cidade, a artista plástica fica sujeita à variações de tempo e à reação de quem passa. Não faltam pessoas para cumprimentar elogiar, dar palpites, sugerir novas cores, outros desenhos ou simplesmente parar ao lado de Sandra para acompanhar a pintura. - No começo me incomodava um pouco, mas agora as interferências da rua - pessoas passando, tela que cai no chão, vento, folhas caindo, a luz que muda - dão espontaneidade ao trabalho - conta Sandra, que muitas vezes, vende o quadro que está pintando na rua mesmo. Mas a artista plástica também teve que enfrentar alguns problemas nas suas andanças pelas ruas da cidade. Enquanto finalizava o quadro da Biblioteca Nacional, o vencedor do concurso da Casa Cruz, Sandra foi interrompida pelo segurança do Teatro Municipal, de onde pintava a biblioteca. Com um pouco de paciência, conseguiu convencer o funcionário a deixá-la terminar o quadro. Em outra ocasião, na Ilha Fiscal, o resultado foi mais desastroso. - Eram 11h da manhã e eu estava pintando bem pertinho da água. De repente, começou uma ventania e foi tudo pelos ares. O cavalete caiu e a tela foi parar dentro d´água. Perdi todo o trabalho - lembra a pintora, que aprendeu a lição e agora amarra o cavalete com ganchos de acampamento Urca, Flamego, Botafogo e Centro são os favoritos A pintura surgiu como hobby, em 1997, para a então professora de português e inglês. Atualmente, Sandra se dedica praticamente só à pintura. A chamada pintura do natural, ou seja, feita nas ruas, Sandra descobriu há alguns anos e hoje faz pelo menos dois quadros assim por mês. Urca, Flamengo, Botafogo e o Centro da Cidade são as maiores inspirações da artista, que levou o primeiro lugar no ''Paisagens do Rio'' com um quadro da Biblioteca Nacional. - Além de ser um prédio lindo, acho que ele diz muito do centro cultural que é a Cinelândia, com o Teatro Municipal e o Museu Nacional de Belas-Artes - explica. Sandra Nunes quer, agora, expor seus quadros, que já reúnem paisagens de pontos famosos da cidade. O primeiro passo será dado no próximo mês, quando ela e os demais vencedores do concurso de paisagens na Casa Cruz terão seus trabalhos expostos na Estação da Carioca. O quadro de Sandra que mostra a Biblioteca Nacional, o vencedor do concurso, também estará nas capas dos cadernos produzidos pela papelaria no ano que vem e no livro editado com as crônicas vencedoras do mesmo concurso.
O Rio de Janeiro nas telas de Sandra Nunes
|
|